
Teatro dos Lírios
Lulu Wang
Editora Record
2001
473 pag
Sinopse: Teatro dos Lírios traz a voz de uma garota de 14 anos procurando dominar a história, tanto a sua própria trajetória quanto a de seu país. É 1972, e a Revolução Cultural está em marcha. Os pais de Lian - um médico e uma professora de História - tiveram extintos os seus privilégios. Com o pai banido para uma província, ela acompanha a mãe enviada a um campo de reeducação, retratado como um microcosmo da China de Mao Tsé-Tung.
A convivência com os mais prestigiados intelectuais e acadêmicos do país, em suas rotinas de humilhação e trabalhos forçados, resulta em uma educação privilegiada entre historiadores e psiquiatras, poetas e monges budistas. Este é o ponto de partida de uma aventura marcada pela descoberta do amor, da paixão homossexual, das diferenças de classe, da marginalidade, da traição e do terror político.
Como uma Anne Frank oriental, o olhar de Lian imprime emoção e esperança. Transmite a energia da juventude conjugada com a individualidade de um livre-pensador e a sabedoria chinesa, enquanto experimenta as angústias da adolescência e as alegrias da amizade e do conhecimento, que nenhum regime ou situação-limite, subjuga.
A prosa delicada de Lulu Wang mixa o velho e o novo, a tradição e a revolução. Traz reflexões sobre o crescimento, a violência, o terror e o conhecimento em um painel da era maoísta no qual se descortina uma outra história da China através dos olhos de uma adolescente.
Autora: Lulu Wang nasceu em Pequim, em 1960. Filha de um oficial do exército banido para uma província, acompanhou sua mãe, reclusa a um campo de reeducação, no auge da Revolução Cultural. Aproveitando a oportunidade de lecionar chinês na Universidade de Maastricht, aos 25 anos, emigrou para a Holanda, onde vive. Em 1990 começou a escrever Teatro dos Lírios, e já prepara seu segundo livro, um romance.
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O livro é dividido em 4 capítulos, inicia com a história de Lian indo com a mãe para um campo de reeducação, criado pela Revolução Cultural de Mao. Nesse período que a personagem principal se encontra com os principais intelectuais da China, pois essa revolução é onde os governantes puniam os intelectuais por suas capacidades de pensar, e instigavam a população e os alunos ao instinto proletário e aversão ao mundo ocidental. Nesse campo de reeducação que Lian cria o Teatro dos Lírios, um lugar próximo ao lago, onde pode conversar com as espécies que habitam o local, expondo seus pensamentos e aprendizados sobre a História da China. E o local passa a ser conhecido, pois convida seu próprio professor de história e posteriormente um amigo monge, para ser espectador em seu teatro. Nesse capítulo, a autora cita uma amiga de Lian, Kim, vagamente, sem muita notoriedade, mas com sentimento de afeição.
No segundo capítulo, a história retrocede ao período antes da Revolução Cultural, onde Lian vivia tranquilamente com seus pais em seus privilégios de ser da primeira casta. Conta como iniciou a amizade com Kim, sua amiga da terceira casta, e como lutou por essa amizade.
No terceiro e quarto capítulos retrata quando Lian retorna do campo de reeducação com sua mãe, posteriormente também retorna seu pai. E passa a discorrer sobre o cotidiano dessa adolescente, seus temores, pensamentos, confusões e descobertas.
Em todos os capítulos o cenário é a China em meio ao governo de Mao, na Revolução Cultural, sendo recheado de informações detalhadas sobre essa ditadura política em que a China vivia, os absurdos que os intelectuais sofriam por suas "mentes pensantes".
Confesso, que ao ler a sinopse e iniciar a leitura, até mais da metade, que o livro estava centrado em retratar as dificuldades políticas enfrentadas pela China, como um autorretrato da autora na personagem Lian, principalmente na riqueza de detalhes histórico, e como nunca havia lido nada a respeito estava absorvendo toda informação passada pela autora. Mas com o passar da leitura, percebi que foi ficando cada vez mais lento o desenvolvimento das páginas, demorei mais do que o normal para ler um livro da mesma quantidade de paginas, e não digo que a leitura é difícil, mas lenta mesmo, por mais que passava horas lendo, não fazia grandes avanços.
Depois da metade do livro fiquei em dúvida sobre o centro da história, o meu próprio interesse começou a ficar balançado, houve uma mudança na narração de histórica para cotidiano de uma adolescente, e no último capítulo, fiquei mais abalada ainda com a guinada do enfoque, que passou a ser a amiga de Lian, Kim, que até então era uma figura de luta da classe baixa, digna, honesta, e até uma situação não explicita de envolvimento além amizade entre Lian e Kim, e esta de repente muda totalmente seu comportamento, sem um motivo tão justificável assim perante toda a história, e passa a ser o oposto da personagem apresentada até aquele momento.
Kim passa a ser o centro das atenções do livro, com seu novo instinto rebelde e vingativo. Lian ainda nutri um sentimento de apego até o final do livro, que deixa a desejar, como se estivesse faltando parte da história. Ou seja, o livro termina sem um desfecho da personagem principal, mas somente de Kim, e ainda assim, dedutivo, sem deixar afirmações concretas.
Recomendo o livro por ser rico em detalhes da História da China, um romance que foi muito bem escrito nos dois primeiros capítulos, contudo, indispensável os dois últimos para entender todo o livro. Mas irão precisar de muita calma para prosseguir e absorver a essência e tirar suas próprias conclusões.
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